sexta-feira, 4 de junho de 2010

Filmes locados por engano:






DISTRITO 9







A trama: uma gigantesca nave espacial surge sobre a cidade sul africana de Joanesburgo. Como um ônibus encalhado, cujos pedaços vão caindo na população, durante três anos ela fica lá, parada e esfarelando. Até que uma força especial decide invadí-la e travar contato com as maltrapilhas criaturas que ali se encontram.

Peculiaridades extraterrenas:
o aspecto: semelhantes a “camarões” e emitem um som incômodo, como se as palavras borbulhassem.
o comportamento: São ludibriados facilmente, como se fossem débeis mentais,
as habitações: mistura de campo de refugiados com favelas, ou tudo isso junto.
o cumprimento da lei: a ordem de despejo que expulsa os ETs de suas moradias. E eles ainda são forçados a assinar um documento. Repito: eles são forçados a assinar o tal documento!!!
as expressões faciais: às vezes, as criaturas lançam um olhar de piedade idêntico ao daquele gatinho do Shrek.

Peculiaridades humanas:
- a transformação gradual de um agente terráqueo em um extraterreste. Lembra o filme kafkiano de Cronemberg, “A Mosca”, só que sem Cronemberg e o Jeff Goldblum. Ou seja, pouco se salva.

Comentário pessoal: Se fizeram com que o E.T. fosse crível, se fizeram com que Jurassic Park fosse crível, se fizeram com que Lord of The Rings fosse crível, se fizeram com que Avatar fosse crível, porque afinal, ainda que isto seja dito por alguém beirando os quarenta, porque não se pode exigir que também sejam críveis os demais filmes de ficção, sejam eles sobre heróis ou extraterrestres, como esse fajuto Distrito 9?

Obs: a curiosidade fica por conta da polêmica envolvendo a proibição do filme na Nigéria. O roteiro traz nigerianos fazendo rituais vodus com partes de membros alienígenas. Tráfico de armas e prostituição – entre as espécies – reforçam o boicote.

Para debate: apesar da enorme falta de bom senso da obra, que causa dificuldade em assisti-la na íntegra, há um questionamento ético interessantíssimo aqui. A ética contemporânea lida com discussões sobre a legitimidade da matança de animais para o consumo humano. Sob esta perspectiva, que tipo de tratamento adotar em relação aos extraterrestres, caso realmente existam? No filme, sociólogos e organizações dos direitos humanos se opõem às agressões que a população local e as autoridades infligem aos monstrengos. Ainda que os motivos dos conflitos possam parecer risíveis – e de fato o são –, a indagação é pertinente pois, para efeitos legais, os atos importam mais que suas motivações: os seres agem como gangues de marginais, roubando tênis, celulares e ração para gatos.

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