segunda-feira, 21 de outubro de 2013

GRAVIDADE



Viver em total vertigem *

Na academia e no ponto de ônibus haviam me perguntado sobre o que trata o filme.
— Ah, é sobre uma astronauta que fica perdida no espaço...
            Parece simplista dizer, mas é isso mesmo. Porém, a maneira que essa história nos é exposta fornece a justificativa de esse ser uma das melhores produções do cinema em 2013.
É curioso como um filme que conta na maior parte do tempo com uma personagem cujas ações são lentas e seus diálogos quase monólogos, pode prender a atenção em plena era da velocidade e do ruído exacerbado da cultura urbana. Chama também a atenção o modo como o recurso do 3D dialoga com a história, como se fosse quase um personagem, o tempo todo nos educando quanto aos limites físicos que a gravidade zero impõe à protagonista. As gotas de sangue, as chamas de fogo, as lágrimas que flutuam, o parafuso que gira em direção ao nada – e ao espectador, também perdido na imensidão.  São recursos extremamente sutis que se tornam parte da narrativa, o que torna a expressão usual “os efeitos salvaram o filme” absurda, pois nesse caso os efeitos se aliam ao roteiro e são parte da história, contribuindo com a humanização da personagem. Kubrick conseguiu algo similar com a história de 2001-Uma Odisseia no Espaço (1968), mas não com os personagens, pois o contexto assim o pedia – lembro aqui que o computador HAL 9000 era mais humano que toda tripulação daquela nave.
Talvez seja por isso que Gravidade seja tão tocante. A sinfonia do silêncio, o olhar da personagem em direção ao companheiro que se afasta. A distância irreversível da perda de quem se gosta e confia. Alguém poderia atender a seu pedido e ensiná-la a orar? Como lidar com as limitações, essas mesmas que nos tornam tão atrapalhados para coisas simples? E, por fim, como seres limitados podem superar as tragédias pessoais ocultas na gravidade diária.

Se houve uma época em que Sandra Bullock materializava toda a futilidade da América – e é estranho dizer isso na Internet – isso ficou enterrado no passado daqueles filmes menores que ditavam a regra de que para fazer sucesso devia-se ser boçal. Não é o caso de agora, em que olhos e corações (e pulmões!) estão colados na assustada personagem que, lançada no escuro do universo, faz da luta pela sobrevivência um contínuo renascer e, nesse ponto, se torna parecida com aquilo que cada um de nós tem de mais humano: a própria consciência dessa humanidade e de quanta fragilidade isso representa. Afinal, somos apenas um corpo lançado na imensidão. Lindo, é o que há para ser dito.

 * “quando não restava nada” (R. Marcato)


E nós voamos (Sl.90-10)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Exercício

Se considerarmos P.O.R.T.E.I.R.A = 48, P.O.R.T.A =12 e F.E.I.R.A = 18, então o valor de A.F. será:

a - 5/2       b - 9/2      c - 3/2      d - 2/3     e -3

Resolução: primeiramente devemos observar que as palavras estão separadas por um ponto ".", o que indica a existência de algum tipo de operação matemática entre elas, provavelmente de multiplicação, já que "." representa uma multiplica.
Após essa observação, vamos analisar os valores atribuídos a cada conjunto. Assim, se P.O.R.T.A=12, então o restante "EIR" é igual a 36. Veja: P.O.R.T.A = 12.

P.O.R.T.E.I.R.A                                        12.E.I.R=48               E.I.R=48/12 = 4

Se P.O.R.T.A é igual a 12, então P.O.R.T.E.I.R.A tem valor 4, pois multiplicando 12 x 4, temos 48, que é o valor total da expressão.

Agora que já sabemos o valor de E.I.R., falta identificar F.E.I.R.A, seguindo o mesmo princípio. Assim:
F.E.I.R.A = 18

F.A.4=18 (note que substituímos o "EIR" pelo seu valor = 4). Assim, iremos nos deparar com uma equação.
F.A.=18/4                  9/2

Resposta:  Letra B.

BIG BROTHER BRASIL: por que NÃO????


                Quando ouço comentários ou leio artigos criticando ou aprovando o BBB, na maioria das vezes me deparo com opiniões nada esclarecedoras, me fazendo recorrer à famosa teoria do boo-hooray, teoria ética emotivista que afirma que a maioria das opiniões são expressas segundo a emoção da pessoa que a emite, sem procurar compreender realmente do que se trata o assunto. Daí que uma parte afirma que o programa é ruim porque eles o reprovam (“boo”, buuuu), e a outra parte afirma que o programa é bom simplesmente porque é bom de assistir (“hooray”, hurra), não chegando a conclusão alguma.
                Embora vivamos na pós modernidade e chegar à conclusões satisfatórias parece tantas vezes impossível quanto também irrelevante, queria manifestar meu pensamento, até então indiferente, acerca do tema. Vejamos: o BBB é um programa de entretenimento que pretende  atrair o maior número possível de espectadores. Para tal, desenvolve-se sobre uma estrutura bastante simples, de fácil apelo comercial: relacionamento, intrigas, discussões, sexo, entre outros. Esses temas são de constante interesse de toda humanidade, visto que é ela própria, a humanidade, lançando um olhar sobre si mesma.  Aristóteles, em sua “Poética”, mencionou que as histórias alheias nos atraem pelo tanto que elas fazem nos esquecer (ou nos identificar) com nossos próprios dramas. A esse efeito, promovido pela arte dramática, Aristóteles chamou de catarse. Também pela análise das ações dos “personagens” no decorrer do programa, poderemos imaginar se o homem é um “bom selvagem”, como acreditava Rousseau, ou se é “lobo do homem”, como defendia Hobbes, ou, indo um pouco além, se o próprio modelo em que o programa é estruturado já nos ofereceria um quadro de bom selvagem ou de lobo.
                Acontece que, sendo um produto a ser consumido, essas tramas não são articuladas como os romancistas o fizeram em suas obras – cito Shakespeare (Romeu e Julieta), Stendhal (O  Vermelho e o Negro) e Tolstoi (Anna Karenina) –, nos oferecendo, por meio delas, um quadro bem próximo da realidade. Há no BBB um artificialismo que incomoda: as possibilidades do comportamento são condicionadas – e manipuladas –, fazendo com que se perca  a naturalidade das ações.  Até mesmo os próprios personagens vão se adequando ao “jogo”,  já que pretendem obter um prêmio, que é o que justifica suas participações. Por isso, nem os conflitos nem os affairs são espontâneos. São devidamente calculados, visando a audiência, que é o sinequanon de todo o empreendimento. Agora vai aqui uma provocação: sendo os personagens participantes de um jogo a qual tem de se moldar, isto significa que há um cérebro, que não o deles, pensando o jogo previamente, seja ditando as regras, seja distribuindo as cartas. Logo, cada cena exibida foi escolhida e editada para provocar um efeito que talvez não corresponda a realidade, mas à expectativa que parecer mais conveniente à organização do programa, situação em que o grau de interesse é vinculado à polêmicas e, simultaneamente, à audiência e lucro. Por isto, também é que, no BBB, a sensualidade dos corpos é excessiva, carregada, de mau gosto, criando uma situação paradoxal: a de ser mais pornográfico do que um filme de pornografia, justamente por simular uma “indiferença” em relação a esta excessiva exposição, coisa que os filmes adultos exploram de modo mais “explícito”, sem disfarces. Vale lembrar que esta não é uma opinião moral, mas uma opinião puramente estética, pois mesmo os clássicos autores que mencionei  (Stendhal, Tolstoi e Shakespeare) também se debruçaram sobre a sensualidade de seus personagens (vale lembrar aqui o Dorian Gray de Wilde, ou o impulsivo Zeno, de Svevo, ou a cena da “cotovia e do rouxinol”, na manhã “seguinte” do tórrido encontro entre Romeu e Julieta), que era tratada de um modo natural, “humano”, por assim dizer.
                Assim,  o motivo de não assistir ao programa se deve a seu excessivo artificialismo, por sua obviedade, por  vender uma idéia falsa de que as pessoas ali são naturais, enfim, pelo fato de o programa ser vendido com o sugestivo nome de “reality show”, sendo que na verdade é uma ficção de péssima qualidade, previsível, mal escrita, mal interpretada, falsa catarse. Por tudo o que o programa exibe de mentira e enganação.
                Acrescento ainda em minha crítica a presença de Pedro Bial. Não tenho afinidade pelo sujeito, e ponto. Mas não pretendo elaborar uma justificativa, no momento, para tal antipatia, recorrendo, portanto, ao cabide do hurra-boo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Descartes-Será que Deus existe?



Descartes e as provas da existência de Deus



1. INTRODUÇÃO

René Descartes (1596-1650), filósofo francês, viveu em uma época em que o mundo europeu era marcado por transformações religiosas, científicas, sociais e políticas. Estas transformações traziam à tona um espírito de descrença, de ceticismo. Afinal, as verdades que, até então, eram tidas como infalíveis passavam a ser objeto de contestação, de dúvida, pois não mostravam fruto de um conhecimento genuíno, mas da opinião.
Nesse contexto, tornou-se necessário desenvolver um método seguro, que fosse racional, que pudesse conduzir ao conhecimento e evitar enganos. Para tal empreendimento, Descartes abandona as crenças que eram dogmaticamente aceitas, submetendo-as não mais ao peso da tradição, mas a critérios próprios da razão.
A dúvida é, portanto, estrategicamente necessária, pois ela irá nos conduzir ao “Cogito ergo sum”, que significa “Penso, logo existo (sou)”. Entretanto, esta verdade ainda é limitada, pois se restringe ao campo do pensamento. O desafio seguinte de Descartes é fazer uma ponte entre teoria, mundo interior, e prática, mundo exterior. Para tal feito, recorre ao conceito de Deus.



 
2. DESENVOLVIMENTO
Para Descartes, a verdade obtida por meio do Cogito, seria uma verdade independente do mundo exterior. Assim, tanto fazia se as coisas que percebia pelos sentidos eram reais ou ilusórias, concebidas por um gênio maligno (malin génie), que o quisesse enganar. Ainda que estivesse errando o tempo todo, devido à suposta ação deste gênio, Descartes estaria pensando, e esta verdade indubitável, fundamental, seria seu ponto de partida.
Entretanto, era preciso algo mais para validar o conhecimento para além da experiência individual, do contrário desembocaríamos no solipsismo, no isolamento do eu em relação ao mundo exterior. O objetivo de Descartes não é encerrar a certeza do conhecimento em um cogito solipsista, mas fundamentar a possibilidade do conhecimento científico, construir métodos seguros para uma ciência mais confiável que aquela que lhe antecedeu. Para que Descartes supere esse idealismo, fundamentado na certeza do pensamento puro, necessita estabelecer uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva.
Com este propósito, na Terceira Meditação, Descartes examina a única realidade que até então lhe é permitida: a do pensamento. Conclui que a mente é composta de ideias, as quais classifica em três tipos: as inatas, as adventícias (empíricas) e as ideias de imaginação, estas últimas formadas a partir de nossas experiências. Na Quarta Meditação, prossegue Descartes, estabelece que as ideias que concebemos comoclaras e distintas” são verdadeiras na medida em que sua representação corresponda ao objeto, mas o que verdadeiramente dará garantias à teoria de correspondência entre o pensado interior e o real exterior é a ideia de Deus, que agora Descartes passa a admitir em sua filosofia.
Descartes retoma o argumento ontológico de Anselmo (1033-1109), em que a ideia de perfeição divina implica que esse ser deva existir pois aquilo que é perfeito deve incluir a existência para se consolidar como ser perfeito. Descartes aplica este argumento a seu pensamento porque, conclui ele, sendo imperfeito, a ideia de perfeição não poderia partir de si, deveria vir de algum outro lugar que não de sua própria mente, visto que não encontrava correlatos dessa perfeição no mundo exterior. Trata-se, segundo Descartes, de uma ideia inata – e daí a importância das categorias de ideias na Terceira Meditação. Esse conceito, inevitavelmente, por meio de uma cadeia de razões, irá conduzir o filósofo a argumentar que Deus é o criador do mundo externo, tendo o poder (Quinta e Sexta Meditações) de conservar essa criação.
O argumento ontológico, em sua versão medieval, concebido por Santo Anselmo parte do conceito de Deus como aqueleser maior do que o qual nada pode ser pensado”. Para que um ser seja perfeito, deve existir não em pensamento mas também na realidade pois um ser pode ser perfeito se possuir todos os atributos, entre eles, o da própria existênciapois existir é mais completo que não existir. Logo, se é possível a um ser finito e imperfeito pensar em um ser assim, superior e perfeito, este ser existe. Conforme relata em seu ProslogionSenhor meu Deus, que nem podes sequer ser pensado como se não existisses”. Porém, se para Anselmo, a prova da existência de Deus está a serviço da , para Descartes, ela é a condição para garantir a possibilidade do conhecimento racional.
A confirmação da existência de Deus, a partir do cogito, afirma a existência do mundo exterior pois que, sendo-nos possível apreendê-lo pelos sentidos, não seria possível que um Deus, em sua perfeição, estivesse o tempo todo nos enganando com ilusões e impressões equivocadas a respeito de tudo aquilo que percebemos. Os erros, tal qual nossos sentidos corroboram ocorrer, partem de nossa limitada condição de percepção. Descartes evita, neste ponto, aliar seu conceito de imperfeição à doutrina do pecado, mas reafirma que o conhecimento do homem é imperfeito dado o que suas condições de constante descobertas e aprendizados lhe confirmam que aquilo que julga saber está em constante aprimoramento, como de fato seu próprio método, que visa corrigir a antiga maneira de se produzir ciência termina por se consolidar como nova forma de aproximação da verdade. A existência de Deus, em Descartes, se constituirá como o caminhoaté o conhecimento das coisas” (Quarta Meditação).
            Descartes reforça que a consciência de sua imperfeição, advinda do fato de que suas dúvidas revelam suas limitações, apontava para uma existência perfeita, dotada de toda precisão e certeza, e  que tal conceito de perfeição, infiltrado em um ser imperfeito, era a garantia da existência de um Ser perfeito, que seria Deus. Esse mesmo Deus, sendo bondoso (o bon Dieu, em oposição ao malin génie), não permitiria que tudo o que percebemos por meio de nossos sentidos fossem ilusões. Assim, em contraposição às possíveis ações enganosas de um gênio maligno que brincasse com nossos sentidos, Descartes responde com a ação perfeita de um Deus bondoso, que anula o engano. De modo que podemos confiar em nossos raciocínios como fundamento para a busca de verdades, e que as coisas concebidas como claras e evidentes são efetivamente verdadeiras.
  

3. CONCLUSÃO
Se em um primeiro momento Descartes faz uso da dúvida metódica, que conduz o ceticismo ao extremo e com ela desconstrói o mundo, a realidade, em seguida ele demonstra, a partir do cogito e da certeza da existência de um Ser perfeitoDeus –, que isso nos garante a possibilidade de conhecer.
O Deus cartesiano é a garantia da objetividade do conhecimento científico; enquanto bon Dieu, projeta o otimismo racionalista. O bon Dieu equivale, portanto, a Razão que Descartes reverencia e que constituirá, a partir do humanismo moderno, o cerne dos ideais libertadores do Iluminismo. E é, portanto, este mesmo Deus que possibilitará demonstrar a existência do mundo físico o qual, partindo de nossas duvidosas impressões empíricas, deverá ser comprovada gradualmente, em etapas. Na sexta das Meditações, Descartes demonstra que a existência do mundo exterior é possível para em seguida defender que é provável para que, finalmente, conclua que é mais que provável, mas é também certa e indubitável. Apoia-se na ideia de Deus, que é a garantia da objetividade percebida no mundo. Deus (res infinita), sustenta a certeza entre o pensamento (res cogitans) e o mundo físico (res extensa). Assim, é Deus, ser infinito, o intermediário das duas formas de manifestação da individualidade finita: o mental e o corpóreo, substâncias distintas mas que coexistem.


4. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Aires et al. A arte de pensar – 10º. Ano, Vol.2. Lisboa: Didáctica Editora, 2008.

ALMEIDA, Aires; Murcho, Desidério (orgs). Textos e Problemas de Filosofia. Lisboa: Plátano Editora S.A, 2006.

BUNNIN, Nicholas; Tsui-James, E.P (orgs). Compêndio de Filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 2010.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia moderna. In: Primeira filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1996.

CORTELLA, Mário Sérgio. Descartes: paixão pela razão. São Paulo: FTD, 1988.

DESCARTES, René. São Paulo: Abril Cultural. Os Pensadores (Coleção), 1999.

KENNY, Anthony. Uma nova história da filosofia ocidental (vol. III): o despertar da filosofia moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2000.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia,Vol.II - do Humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 2007.

RUSSELL, Bertrand. História do Pensamento Ocidental: a aventura das ideias, dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.

WARBURTON, Nigel. O básico da filosofia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O que é uma pessoa?


Afinal, como podemos definir o que é uma pessoa?

John Locke define uma pessoa como "um ser inteligente e pensante dotado de razão e reflexão e que pode considerar-se a si mesmo como aquilo que é, a mesma coisa pensante, em diferentes momentos e lugares."
Poderemos pensar: “como assim, em diferentes momentos e lugares? Quem colocaria em discussão uma coisa dessas?”. Theodore Siders, em  Riddles of Existence, sugere o caso de um criminoso que, em sua defesa, alega o seguinte:
“Admito que o assassino é destro, como eu, que tem as mesmas impressões digitais que as minhas e que não usa barba nem bigode, como eu. Até se parece exatamente comigo nas fotografias da câmara de vigilância apresentadas pela defesa. Não, não tenho um irmão gêmeo. Na verdade, admito lembrar-me de ter cometido o homicídio! Mas eu e o homicida não somos a mesma pessoa, uma vez que sofri mudanças. A banda de rock preferida dessa pessoa eram os Led Zeppelin; agora prefiro Todd Rundgren. Essa pessoa tinha apêndice, mas eu não; o meu foi removido na semana passada. Essa pessoa tinha vinte e cinco anos de idade; eu tenho trinta. Eu e esse assassino de há cinco anos não somos a mesma pessoa. Portanto, não podem punir-me, pois ninguém é culpado de um crime cometido por outra pessoa”(Londres: Clarendon Press, 2005-Tradução de Vitor Guerreiro).
Como nos informa Siders “os filósofos refletem também na identidade ao longo do tempo de objetos [...] o que faz com que uma árvore, bicicleta ou nação sejam a mesma coisa em momentos distintos?”. Algumas respostas giram em torno da existência da alma, da continuidade temporal ou continuidade psicológica (uma pessoa no passado é numericamente idêntica à pessoa no futuro, desde que esta tenha a memória da pessoa no passado, as suas características individuais, e por aí em diante, independente se a pessoa no passado e a pessoa no futuro sejam ou não espaço-temporalmente contínuas entre si). E há ainda filósofos contemporâneos, como Derek Parfit, que questionam por qual motivo a identidade é algo importante.
Em Ética Prática, Peter Singer, menciona uma outra definição do termo "humano", proposta por Joseph Fletcher, teólogo protestante e autor prolífico de escritos sobre temas éticos. Abaixo, os "indicadores de humanidade":
  • Autoconsciência
  • Autodomínio
  • Sentido do futuro
  • Sentido do passado
  • Capacidade de se relacionar com outros
  • Preocupação pelos outros
  • Comunicação
  • Curiosidade
Assim, quando dizemos que alguém é “muito humano”, não estamos nos referindo à espécie Homo Sapiens, mas ao nível de correspondência que este alguém possui em relação aos critérios acima.
Prossegue Peter Singer “os dois sentidos de ser humano não são coincidentes. O embrião, o feto subsequente, a criança gravemente deficiente mental e até mesmo o recém-nascido, todos são indiscutivelmente membros da espécie Homo sapiens, mas nenhum deles é autoconsciente nem tem um sentido do futuro ou a capacidade de se relacionar com os outros. Logo, a escolha entre os dois sentidos pode ter implicações importantes para a forma como respondemos a perguntas como "será que o feto é um ser humano?"”.
Singer conclui “A definição de Locke se aproxima da de Fletcher no quesito “racionalidade e autoconsciência”. É muito possível que Fletcher concordasse que estas duas características são centrais e que as restantes decorrem mais ou menos delas”.


Ética Prática, de Peter Singer (Martins Fontes, 2009 – Cap.4, págs. 96-99).



sábado, 30 de junho de 2012

O que é a verdade?



O que é a verdade?
Arquivo X: a verdade está fora.
Os poetas simbolistas: a verdade está no vinho (in vinu veritas).
Sócrates: a verdade está dentro de nós “conheça-te a ti mesmo”. “Enquanto a alma estiver absorvida nessa corrupção, jamais possuiremos o objeto de nossos desejos, isto é, a verdade”. (Fédon).
Platão: o conhecimento é crença verdadeira justificada (Teeteto). Gettier refutou com uma série de contra-exemplos.
Aristóteles: dizer ao que é que é, e ao que não é que não é. (Metafísica IV, 1011).
Sujeito - Objeto - Representação - Verdade
Religiões orientais (budismo, hinduismo): a verdade está aqui dentro.
Jesus: De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem. (João 18:37). Mas Pilatos questiona: O que é a verdade? (João 18:38).
Jesus: se calaria. Certas perguntas não merecem resposta. Ele É a verdade.
Paulo: Tornei-me inimigo de vocês por lhes dizer a verdade? (Gálatas 4.16).
Schopenhauer: “a verdade é o ser que se aniquila...”.  A verdade é a Vontade, e a música, única capaz de exprimi-la em sua essência. A pergunta final que a ele faria: Estamos sós?

Quando predomina a aletheia: a verdade está nas próprias coisas, na própria realidade, é a adequação do nosso intelecto à coisa ou da coisa ao nosso intelecto.

Quando predomina a veritas: a verdade depende do rigor e da precisão na criação e uso de regras de linguagem.

Quando predomina a emunah: a verdade depende de um acordo ou de um pacto de confiança. A marca da verdade é o consenso e a confiança.

sábado, 9 de junho de 2012

Sobre a poesia













Existem muitas maneiras de se dizer as coisas.

Normalmente, as pessoas dizem simplesmente:

— Anoiteceu.


Os poetas, porém, preferem dizer:

“O entardecer já embalava a Terra
E nas montanhas pendia a noite
vestido de névoa estava o carvalho
Um gigante robusto, lá,
Na floresta, de onde a escuridão
Com cem olhos negros fitava”.
                                                           (Goethe)

ou ainda:

“E quando o sol se deitou
E as estradas a sombra cobria”.
                                                           (Homero)


A linguagem não é mesmo fascinante?


sábado, 28 de abril de 2012

Loki versus Nietzsche


Seria Loki um discípulo de Nietzsche?




Seria Nietzsche um discípulo de Loki?


sexta-feira, 9 de março de 2012

Not In Love


Not In Love
Não Apaixonado

I saw your picture hangin' on
Eu vi o seu retrato pendurado
The back of my door
Atrás da minha porta
Won't give you my heart
Não vou te dar meu coração
No one lives there anymore
Ninguém vive mais lá

And we were lovers
E nós éramos amantes
Now we can't be friends
Agora não podemos ser amigos
Fascination ends
O fascínio termina
Here we go again
Aqui vamos nós novamente
Cause it's cold outside, when
Porque está frio lá fora,
You coming home
Quando você está voltando para casa
Cause it's hot inside,
Porque é quente por dentro,
Isn't that enough
Não é o suficiente?

I'm not in love
Eu não estou apaixonado


Could it be that time has
Pode ser que o tempo tenha
Taken it's toll
Tomado o seu pedágio
Won't take you so far,
Não vai levá-lo muito longe,
I am in control
Eu estou no controle


And we were lovers
E nós éramos amantes

Now we can't be friends
Agora não podemos ser amigos
Fascination ends
O fascínio termina
Here we go again
Aqui vamos nós novamente

Cause it's cold outside, when
Porque está frio lá fora,
You coming home
Quando você está voltando para casa
Cause it's hot inside,
Porque é quente por dentro,

Isn't that enough
Não é o suficiente?


I'm not in love
Eu não estou apaixonado
I'm not in love
Eu não estou apaixonado
We are not in love
Nós não estamos apaixonados
We are not in love
Nós não estamos apaixonados