sábado, 24 de setembro de 2011

Música: Unfinished Sympathy


Unfinished Sympathy

                        Simpatia Não terminada


I know that I've been mad in love before
Eu sei que estive louco de amor antes
And how it could be with you
E como poderia ser com você
Will it hurt me baby? Really hurt me baby?
Isso vai me machucar amor? Machucar de verdade amor?
How could you have a day without a night?
Como você pode ter um dia sem uma noite?
You're the book that I have opened
Você é o livro que eu abri
And now I've got to know much more
E agora eu tenho que conhecer muito mais

The curiousness of your potential kiss
A curiosidade do seu beijo poderoso
Has got my mind and body aching
Deixou minha mente e meu corpo doloridos
Will it hurt me baby? Really cut me baby?
Isso vai me machucar amor? Machucar de verdade amor?
How could you have a day without a night?
Como você pode ter um dia sem uma noite?
You're the book that I have opened
Você é o livro que eu abri
And now I've got to know much more
E agora eu tenho que conhecer muito mais

Like a soul without a mind
É como uma alma sem uma mente
In a body without a heart
Em um corpo sem coração
I'm missing every part...
Tenho saudade de cada pedaço...

Recortes


Agridoce

Plangentes, violões. Não os de Cruz e Souza. Mas os de Elliot Smith, Jose González, Smog, estes cavaleiros solitários. Ou os dedilhados dos filmes de Inarritu. Alguns aspectos da arte em que o Verbo cessa, em que o lógos se finda. Sem palavras.

Cena 1: Rocco Sifried pilota um helicóptero. E uma mulher lhe sorri. Estavam voando baixo. Europeus num dia frio, ricos. Eles possuem corpos que os possuem. Carne, sangue, suor, maquiagem. Atores pornôs, jovens e tristes. Tão sós. Máscaras com formato de riso. Flertando. Me sinto sufocado, como que com a cabeça enfiada num saco plástico.

Cena 1b- Mickey Rourke, em o Ano do Dragão. Cabelo grisalho. Como um dente de alho. Disse a um china: tenho cicatrizes até na alma.


            Cena 2: É férias de algum modo. Por uma questão de idiossincrasia, poderíamos chorar todos os dias. Intensamente. Diríamos certamente que nãoexplicação para isso. Simplesmente é assim que acontece, como naquelas tardes de arco-íris. O chão de repente voa. E a gente vai correndo logo atrás, perseguindo. Então penso: é férias, de algum modo. Como uma mentira engraçada. Existir é uma coisa que dói à toa.

Cena 3: Chloe, a personagem de Alain de Bottom em Ensaios de Amor, tinha fixação por desertos. Um dia ela joga tudo para o alto e vai para um local isolado. Fica por , no meio do nada, por quinze dias. Depois, não vendo sentido em tudo aquilo, arruma um emprego numa lanchonete.

Cena 4: Emily Hirsch, em Na Natureza Selvagem, joga tudo para o alto. Uma faculdade, sei , um monte de coisas. Abandona a família e, tal qual Kerouac On The Road, põe o na estrada. Penso que ele é egoísta, que possui um pai e uma mãe que se preocupam com ele, enquanto ele acampa na mata e Doutor Jivago. Trata-se de uma pessoa livre agora, embora sequer tenha envelhecido.

Cena 5: James Spader e Andie Macdowell, e seu sexo e mentiras e videotapes. Sentados em uns degraus de alguma casa confortável. Ela usa um vestido longo, como uma senhora de trinta anos, uma adolescente livre sobre gramas. Diante de uma árvore robusta. Ele tem uma crista alourada, como uma onda num dia mais brilhante, areia de praia, coroa. Ela lhe diz: você não pode se abrir como um presente...

Cena 6: eu lia os artigos do Paulo Francis. Os dias eram longos. Cheiro de tinta, quadros amadores pintados no quarto. Jornais no chão para folhear. A capa do livro do Camus. Um rosto sem uma espinha sequer.

Três Corações, Julho de 2011, relendo as coisas de Agosto de 2010. Rabiscos com datas e décadas. Escrevo. E penso no quanto a vida pode ser engraçada e ao mesmo tempo triste. Agridoce. Talvez. Muito agridoce. Há um tempo que não chove. Sinto, à distância, a chegada do verão.

Ordem:Pensamento




"Somos um meio de o cosmos conhecer a si mesmo..."


Carl Sagan – Cosmos.

Sócrates: Anatomia de um Discurso



sábado, 17 de setembro de 2011

Arcade Fire


My Body Is A Cage

Meu Corpo É Uma Prisão [Trechos]

 



My body is a cage
Meu corpo é uma prisão
That keeps me from dancing with the one I love
Que me impede de dançar com aquele que amo
But my mind holds the key
Mas minha mente segura a chave


I'm standing on the stage
Estou aqui sobre o palco
Of fear and self-doubt
De medo e dúvidas pessoais
It's a hollow play
É uma apresentação ruim,
But they'll clap anyway
Mas eles aplaudirão de qualquer maneira.
[...]

CLÁSSICOS

ELES LANÇARAM ESTE DISCO EM 1980!!!




EU DISSE:


EM 1980!!!!!!!!!!

Estudo de Caso: Sofística Prática



PROTÁGORAS


Uma história divertida mostra como os sofistas passaram a ser vistos. Protágoras, convencido de que os seus ensinamentos eram infalíveis, disse a um aluno pobre que o pagasse com o que recebesse pelo seu primeiro caso no tribunal. Uma vez treinado, o jovem não começou a praticar o seu ofício. Protágoras processou-o para cobrar os seus honorários, argumentando perante a corte que o estudante deveria pagar pelo seu contrato, se vencesse, e pelo veredicto, se perdesse.

Ou seja, o contrato determinava que, ao vencer seu primeiro caso (detalhe: o caso era contra Protágoras) ele deveria pagar a Protágoras, pois isto é o que diz o contrato. Mas, se perdesse, pagaria pelo veredicto, ou seja, Protágoras o venceria e, portanto, teria de ser pago.

O acusado captou isso e fez melhor: declarou que o pagamento estava perdido pelo veredicto, se ganhasse, e pelo contrato, se perdesse.

Ou seja, se o veredicto lhe fosse favorável, ele não pagaria, pois teria ganho a causa. Caso ele perdesse (tivesse um veredicto desfavorável) não pagaria porque estaria contrariando o contrato (afinal, o contrato o cobraria somente se ele tivesse ganho o caso).


Concluindo: teríamos aqui uma espécie de paradoxo, em que uma sentença anula a outra. Esse seria um bom exemplo de como, por meio de uma linguagem sofisticada, o sofista poderia confundir uma pessoa para obter vantagem sobre ela. No exemplo que mencionamos, o estudante sofista superou seu mestre recorrendo à mesma tática.

 Citado em "História do Pensamento Ocidental" - Bertrand Russell, pág.64.


Na citação de Anthony Kenny:

“Os inimigos de Protágoras gostavam de contar a história sobre a ocasião em que ele processara seu discípulo Evalto pelo não pagamento de honorários. Evalto se recusara a pagar alegando que até então ele não ganhara uma simples causa: “Bem, disse Protágoras, se eu vencer esta causa, você deverá pagar em razão de o veredicto ter sido favorável a mim, mas, se for você o vencedor, ainda assim você deverá pagar, porque então você terá vencido uma causa”. (Diógenes Laércio, 9.56 – Lives of Philosophers).



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Filmes de ontem e hoje:

ANTES DA CHUVA




“O CÍRCULO NÃO É REDONDO...”

As rupturas fronteiriças ocorridas em âmbito global geraram um novo filão cinematográfico proveniente da intensa reformulação geográfica das últimas décadas, geralmente com toques neo-realistas (remetendo à Roma Cidade Aberta, de Rosselini)  que trazem às telas os dramas de países renascidos das cinzas (vide a adaptação do livro Terra e Cinzas do afegão Atiq Rahimi), mostrando sob novas perspectivas o impacto da guerra no cotidiano, abordando inclusive a animosidade entre pessoas que em certo período estabeleceram graus de relacionamento (vide o bósnio-esloveno Terra de Ninguém, este porém fazendo uso de um inusitado componente : o humor).
          Menina dos olhos do gênero, apesar de ter quase 20 anos desde sua realização, o macedônio Antes da Chuva continua atual. O filme é dividido em três partes curtas, não lineares, que se complementam e quecerto modo contam histórias de amores interrompidos pela violência. Palavras , a primeiramais ingênuahistória de Zamira, jovem albanesa que busca abrigo em um monastério e recebe a ajuda do jovem padre Kirill. Zamira, que virou a imagem do filmecom sua inesperada camiseta Adidas de e equilibrada, narra a parece querer nos  alertar para o fato de que a intervenção internacional em um país à beira do colapso é relevante após considerado seu potencial financeiro.
        Rostos, a segunda história ( quase desnecessária de tão fraca ), traz, entre algumas fotografias de atrocidades de guerra,  o atormentado fotógrafo Aleksandar e sua insossa relação com a amante, às vésperasretornar a sua terra natal. Fotografias, em seguida, transporta não o marasmo da segunda história mastambém o protagonista até a Macedônia, onde passa a ser testemunha ocular dos dramas vividos por seupovo. Essa água morna do “sujeito que faz fama e retorna ao lar” termina quando o insípido fotógrafo, na metade da terceira história, revê, num vilarejo rival, uma amiga de infância, num lúgubre e tenso reencontro, de emoções reprimidas pelas circunstâncias.
        Intolerância, conflitos étnicos religiosos, guerra civil, este filme de 1994 nos ajuda a compreender a dramática situação da Iugoslávia, cuja implosão, causada pelo fim do comunismo, provocou uma ebulição da temperatura política nos Bálcãs, culminando na genocida campanha dos Sérvios para conquistar territórios, etnia esta historicamente conhecida pela mania de perseguição desde os desastrosos resultados na Primeira Guerra Mundial ( foi lá onde tudo começou, com aquele tiro no arquiduque Ferdinando).
          A Macedônia, que era uma das repúblicas que compunha a Federação Iugoslava (as outras eram: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Montenegro, Bósnia-Herzegóvina) passou por uma guerra civil, anunciada no filme (e que infelizmente não ia terminar, tampouco expressar todo o massacre ocorrido nos anos seguintes) com o embate entre macedônios e albaneses, que, de certa maneira, era também entre cristãos ortodoxos e muçulmanos , reflexo de heranças históricas dos sucessivos povos conquistadores que ali estiveram ao longo dos séculos, resultando em um caldeirão multicultural étnico-religioso que estourou com esfacelamento do comunismo na Europa Oriental.
        Um filme importante que, mesmo irregular, foi mais criticado pela sua estética de videoclipe, sendo por isto considerado “da moda”. De qualquer forma há os atores e principalmente o peso histórico do tema, além do desfecho arrebatador, poético, singelo, ingênuo e ao mesmo tempo moderno, carregado de simbolismo : na chegada da chuva (aquela do título), a água como sinônimo de purificação, como a nos mostrar ( e nos lembrar ) que enquanto criamos e destruímos – e isto produzir História – , inevitavelmente sob este mesmo céu busca-se a liberdade, a redenção e a paz. Esta última, uma relíquia que, configurando-se como exceção ao se apoiar na importância de algo tão corriqueiro (a chuva) sobre o qual o homem não exerce domínio algum, mais que sugerir, parece comprovar o fracasso de todas as verborrágicas, pretensiosas e tendenciosas ideologias humanistas frente à magnitude absoluta de um legislador maior presente nas leis da natureza. E é esta frágil condição humana, traduzida em sua finitude linear bastante explicitada nas três histórias, que faz com que o círculo, tão mencionado ao longo do filme, seja abstraído de sua forma original, interrompendo-se. Ou fazendo jus às palavras do mentor de Kiril, torna-se ele também, o círculo, finito, passageiro.