O século XX em imagens . Vagando entre o onírico – que remete à influência de Freud – e o realismo destrutivo de um século marcado pela tecnologia e guerras – evocando Hobsbawm – o diretor Marcelo Masagão utiliza-se de um variado arquivo de imagens (cinema , fotos , trechos de documentários , artistas e personalidades ) que , a seu modo , muito mais do que simplesmente contar , transporta-nos para os fatos importantes do nosso tempo na medida em que gera no espectador uma aproximação com os personagens anônimos – pessoas como nós – que participaram desta história . E isto contribui para realçar seu valor humanista num período em que o significado da vida , de tão banalizado, passa a não ter valor algum .
Está aí , a meu ver , o mérito do filme que , apoiado em uma bela e eficaz trilha sonora – como que composta por encomenda – de Wim Mertens e André Abujamra, se em alguns momentos escorrega por causa de excessiva repetição , destaca-se pela sua criatividade , demonstrado na interessante apresentação dos temas : arte e guerra , sonho e realidade , vida e morte , tragédias , revoluções , golpes , ditaduras , nacionalismos e movimentos sociais ; ingredientes que retratam o século XX a partir da 1a Guerra Mundial, e o desenvolvimento tecnológico alcançado no pós-guerra .
Considerado um filme ensaístico (ou filme memória ), nos fornece um bom panorama – parafraseando Eric Hobsbawm, que ao lado de Freud, é um dos mentores espirituais da película – do que foi o “breve século XX” e de como o decorrer desta história se reflete nos dias atuais .
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