Atenção, este não é um filme convencional. É um filme de David Fincher. Então isto já diz muito. Possui os seguintes elementos: investigação, ações judiciais, serial killer, nazismo, citações bíblicas, rituais macabros, traumas familiares, hackers, fetichismo e snuff filmes. Enfim, um filme ultracontemporâneo, com direito a toda salada que o termo – que remete a uma fusão do novo com tudo o que o antecedeu – possa significar.
O roteiro possui algumas falhas. Na verdade, alguns saltos lógicos, a qual não irei detalhar pelo simples motivo de que há um certo prazer em identificar estes pontos aqui e ali em filmes tão bons quanto este. Mas darei a dica: a multiforme personalidade da protagonista, os motivos que justificam a investigação do avô, a personagem tão misteriosa quanto seu desaparecimento. Estão aí três situações. Procure por si mesmo identificar e avaliar a estrutura destas histórias.
Sim, o título brasileiro não ajuda muito. Na verdade atrapalha, porque denuncia um tipo de coisa que deveria ser sugerida no filme, de forma natural. Talvez fosse melhor ter deixado “A garota com a tatuagem de dragão”, ou coisa que o valha.
Mesmo assim é um filme altamente recomendável pela força que os protagonistas possuem. Seja pela sua história de vida ou pelo modo que tentam superar as dificuldades com que lidam, fazendo uso de uma intensa agilidade, tanto intuitiva quanto intelectual.
A propósito, a introdução do filme é belíssima, com uma versão de Immigrant Song, do Led Zeppelin. Há também uns toques industriais na trilha, que tem a participação do Trent Reznor. E isso fica perceptível quando, no filme, vemos um sujeito usando a camiseta do Nine Inch Nails.