A expulsão do poeta da cidade perfeita, narrada no Livro III de A República e, mais intensamente no Livro X, teria a finalidade de afastar o cidadão das más influências, de conhecimentos que não iriam formar a pessoa para cumprir seu papel na pólis grega. Os poetas, naquele período, tinham grande apelo popular, e sintetizavam aspirações populares, como riqueza, poder, luxo. Um exemplo, seria a guerra de Tróia, em que o interesse pessoal de um indivíduo compromete toda a harmonia da cidade. Nesse caso, o rapto de Helena, empreendido por Páris, apenas por motivos passionais.
Atualmente, seria o mesmo que expulsar a Rede Globo – e canais abertos afins – da sociedade, pois ela não cumpre um papel educador, mas de banalização de valores e da valorização dos bens de consumo, que a mantém – como os poetas, que recebiam por suas narrativas, coniventes com as necessidades populares.
Mas nem tudo é condenação do poeta. Afinal, ele será glorificado por Heidegger como aquele que será capaz de apreender a essência do mundo.
Em Aristóteles, a arte é um meio termo entre a Verdade e o Entretenimento. Ela tem um fim terapêutico. Produz a cessação dos conflitos, a Catarse, e não a Verdade. Essa Catarse é proporcionada pela identificação do espectador com o personagem, que corresponde aos dilemas e prazeres experimentados por todos. Essa correspondência é a característica da Mimesis, imitação empreendida pelo artista.